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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Um problemão de matemática


Dificuldade com os cálculos nem sempre é falta de inteligência do aluno. Pode ser só um transtorno de aprendizagem – e, com ensino adequado, dá para aprender
A discalculia é um transtorno de aprendizagem tão comum em salas de aulas quanto a dislexia (o transtorno de aprendizagem de leitura). Quem tem discalculia não possui habilidades matemáticas. Faltam noções de grandeza ou de valor dos números. Essas pessoas não conseguem fazer cálculos e nem sequer decoram a tabuada. Pesquisas internacionais estimam que entre 5% e 7% da população mundial sofre desse transtorno. Os impactos afetam toda a sociedade. Segundo um estudo britânico, a discalculia gera um prejuízo anual ao país de 2,4 bilhões de libras (ou R$ 5,8 bilhões). Isso porque as pessoas com dificuldades matemáticas tendem a ganhar e gastar menos. Seriam mais propensas a ficar doentes e cometer crimes. Também demandam mais ajuda da escola.
Apesar disso, a discalculia é pouco conhecida. Parte do problema é resultado da tolerância nas escolas para as dificuldades com matemática. “Culturalmente encaramos como algo difícil mesmo”, afirma Thiago Strahler Rivero, pesquisador do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo. “Muitos pais e professores não percebem que há um problema e os alunos podem chegar até a vida adulta sem saber que sofrem deste transtorno.”
Outro obstáculo é o diagnóstico complicado. É preciso uma equipe interdisciplinar, formada por fonoaudiólogo, neuropsicólogo, psicopedagogo e neuropediatra para identificar o transtorno corretamente. No Brasil, apesar da falta de números precisos, há consenso entre especialistas que os diagnósticos de discalculia começam a aparecer com mais frequência nos consultórios clínicos.
Os alunos com discalculia conseguem aprender matemática com atenção individual e técnicas de ensino especiais. Mas poucas escolas têm professores, estrutura, planejamento ou materiais adequados.

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